“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original, e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos, por aqueles que não podiam escutar a música.”

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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Por um mundo com beijos e amores longos!!!


Foto bonita no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai-mãe-melhor amigo-cachorro-casa de praia-onde passou o último verão-e quem foi a última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10 frases e passa o WhatsApp. 
-Oi, oi; por aqui é bem melhor. 
-E aí, o que vai fazer no fds? 
-Vou na festa e vc? 
-Também. 
-Então nos encontramos lá. 
Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. 
-Oi, oi; prazer, prazer. Beijos!!!! Beijos… 


Beijos sem muita conversa. Aliás, porque beijos precisam ser quase imediatos? não se seduz mais com o cérebro não é mesmo? então na falta de conteúdo tenta-se com a outra função da língua.

Daí rola aqueles olhares sem muita profundidade. Vontade sem muito entusiasmo. Mas o que podemos esperar de uma relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda meio difícil não é mesmo? Carência e imediatismo são os piores vilões.
-Deixa que eu te levo em casa então.


No outro dia de manhã não tem WhatsApp. Quem manda primeiro? Quem está mais interessado? Ahhh, ele não mandou um oi? Então eu também nao mando. Oi? isso não é sobre quem manda primeiro ou não, e sim quem é mais maduro. Um oi e um tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes para acabar.

A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores, vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família meio torta, apesar de existirem enganos no meio do caminho que são sim relevantes, e isso digo no caso de não haver a tal da química.

“Nada”.... isso é o que significa as características que usamos para terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas de quem nem aprendeu a voar ainda, mas não por que não teve tempo, mas por que era o passarinho errado, a tal rapidnha nos coloca em situações onde magoamos e somos magoados pela simples facilidade de conseguir.



As pessoas perderam o olhar longo e profundo, aqueles que se enxerga a alma, os beijos longos e ardentes, a jogada de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades” no meio da noite. Perderam o frio na barriga de uma ligação repentina só para ouvir a voz. Será que ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha e fiquei cafona ao acreditar no cortejar? Na conquista, no admirar antes do beijar?

Parece que tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver…  Se perceber e se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro. A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. Parece piada, mas estamos deixando de fazer a dança do acasalamento rsrsrs. 


A gente existe por likes. Viaja por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores, silicones, bocas carnudas, eu fico pensando: será que um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu tenho?



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